MAS
QUE DIABO É SER ESCRITOR?!
Cap.
1 – Em busca de resposta
Não
é raro essa indagação ser feita a um escritor/escritora ou mesmo
ocorrer frequentemente no juízo de quem escreve. E não há de
surgir apenas das ponderações de um escritor no início de sua vida
literária, pelo contrário, por toda a vida deste, esse “diabo”
de questão se interpõe.
Bem,
no meu caso é assim!
Algo
que aos olhos das pessoas, ou de quem aprecia a literatura,
(consideremos aqui todo gênero literário), pode parecer simplório,
tem muitas vezes efeito inquietante e/ou mesmo avassalador no
escritor.
Mas
que importância tem essa indagação?
Que
sentido tem respondê-la?
Imagem 1: Desconheço a
autoria1
Aparentemente…
Questão 1: Ela vai ajudá-lo a conceituar, normalmente de forma
técnica, o que é este ofício de escrever. E, só!
A
coisa é tão intrincada, que meti o diabo no título-pergunta
a fim de deixar claro o quanto é complexa essa (percebam que o
demonstrativo também põe distante essa “coisa”) definição. Se
fôssemos (não desmerecendo aqui nenhuma profissão), definir o que
seria ser médico, professor (essa é minha área), mágico,
cozinheiro, agricultor, nutricionista, seria decerto, menos
complicado… Mas escritor?!
Xiiii
!
Aparentemente…
Questão 2: Nenhum! (Lembram da perguntinha em negrito lá em cima,
não é?)
Perplexo(a)
com a resposta? Não se espante! Há mais espanto neste ofício do
que se pode imaginar.
Cap.
2 – Continuamos na busca...
Há
algum tempo dizia-se que o escritor, o poeta… Pausa! Depois
posto um texto explicando porque se referem de forma distinta a essas
duas atividades intelectuais e sempre se referem a alguém dizendo:
“a escritora e poetisa”, “o poeta e cronista”, e por aí
vai... (Grrrrrrr parece que quem faz poesia não é escritor!) Blé!!!
faz sentido? Bom… Falo disso em outro post!
(Prometo!!!)
Aonde
estávamos, mesmo?
Ah!
… Há algum tempo… Acreditava-se e afirmava-se que para ser
escritor era preciso ter nascido com “vocação” pra “coisa”,
ser poeta, então…
Bem!
Ser escritor, hoje não necessita de prévia formação cármica…
Pode-se, sim, ser escritor estudando, fazendo oficinas de escrita,
graduação acadêmica (graduação acadêmica não confere talento,
vale salientar), e lendo! Lendo MUITO! Se quer escrever bem, tem que
ler. Ler sempre. Ler e ler apaixonadamente. Ler a “Grande
Literatura”. A máxima de que, “quem ler muito, escreve bem”,
procede. É claro que vamos juntar a esse exercício de leitura um
tanto de criatividade, não é, mesmo? Tem mais… Observância do
mundo em redor, solidão, muito suor, noites em claro, afinco,
ousadia, e… Tem mais coisa! E que tal descobrir você essas outras
tantas coisas, hein?! Bom, mas basicamente é isso.
Não
posso dar a fórmula pronta. Ela não existe...
Já
a poesia é uma outra faceta ainda mais complexa… (Aí surge a
ligeira incongruência quase perceptível entre os gêneros… Poesia
e prosa)
Perdoem-me…
Vou deixar de tanta redundância!
Voltemos
à velha e frequente reflexão: “O
que é ser escritor?”
Imagem
2: Desconheço a autoria2
Cap.
3 – A busca não termina aqui...
Ser
escritor(a) é a voragem incansável de escrever. A paixão desmedida
pela palavra, o audaz e permanente exercício de brincar com as
palavras, de usá-las como arma para ferir a quietude, a monotonia
do(a) leitor(a), daquele(a) assumidamente leitor(a), e daquele(a) que
resiste às armadilhas da literatura!
Ser
escritor/escritora é sentir prazer neste exercício solitário,
inquietante, assombradamente belo, é debulhar as sombras, as luzes,
os raios, os silêncios nos dedos ágeis em um
teclado, ou mesmo com
uma caneta… São horas intermináveis construindo um roteiro,
esgrimindo com um verso, atônito(a), conversando com as estrelas, as
paredes, o vento… Delirando! Delirando!
A
“coisa” parece ser meio doida! E talvez essa definição não lhe
convença ou choque os catedráticos…
Imagem
3: Desconheço a autoria3
Esse
de terno azul, não é você, é o catedrático!
Mas
o mundo da literatura é mesmo meio doido! O termo talvez não
combine com a sobriedade e gravidade de alguns ortodoxos, mas no
fundo no fundo, todo escritor ou escritora tem um pouco de loucura.
E, ai dele(a) se não tiver!
Para
encerrar, as palavras de um dos meus poetas preferidos, Manoel de
Barros (1916 – 2014):
“
… Poesia
pra mim é a loucura das palavras, é o delírio verbal, a
ressonância das letras e o ilogismo. Sempre achei que atrás da voz
dos poetas moram crianças, bêbados, psicóticos. Sem eles a
linguagem seria mesmal (…) Prefiro escrever o desanormal.”
( em “Ensaios Fotográficos”, 2000 )
Até o próximo post, ilustres!
Jacqueline Torres
......................
Bom,
vou deixar aqui uma dica para quem quer ser escritor(a):
Procurem
ler “Cartas
a Um Jovem Poeta”
de Rainer
Maria RILKE
(1875-1926).
E
leiam sempre Manoel de Barros até virarem borboleta, quintal,
passarinho, uma tosse…
P.S.
Desejando entrar em contato, envie e-mail para:
jacquelinelenin@bol.com.br
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