sexta-feira, 20 de abril de 2012

O CINZA

 
Gravura: Anne-Julie Aubry

 
A cor cinza é sempre das estradas
dos céus chuvosos
Do aceno de adeus
Da pausa em meio à frase
A cor cinza é sempre da caatinga
É sempre deste meu peito
Não importa o meu riso −
A decoração da sala íntima
é sempre da mesma cor
Os fios elétricos
os postes tísicos
A cor cinza é sempre minha lágrima
Meu suspiro de areia, cinza
...Da velha fuligem
em torno do velho fogão de lenha
que me persegue,
que me queima a memória exausta
e solitária!
A cor cinza sopra o capim
E troveja órfãos trovões
pelas serras cinzas de pano
O vento é cinza,
minhas saudades,
o poço,
a fumaça distante,
a pausa,
o porto e o ponto.


( Jacqueline Torres -14/11/11 )

domingo, 15 de abril de 2012

VÉSPERA DE CHUVA

Imagem da Internet - Desconheço a autoria



Uma chuva de vírgulas

cairia sobre o meu poema

se nele me ocupasse de elencar

minhas dores,

minhas aflições,

meus medos...




Amparo-me,

começou o sereno.


( Jacqueline Torres - 01/03/2012 )