sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

HUMILDADE

Que a voz do poeta nunca se levante
para ter ressonâncias nas alturas.
Que o canto, das contidas amarguras,
somente seja a gota transbordante.

Que ele, através das solidões escuras
do ser, deslize no preciso instante.
Saia da avena do pastor errante,
sem aplausos buscar de outras criaturas.

Que o canto simples, natural, rebente,
água da fonte límpida, do fundo
da alma, de amor e de humildade cheio.

Que o canto glorificará somente
a origem, quando mais ninguém no mundo
saiba ele de quem foi ou de onde veio.


( Mauro Mota – 1911-1984 )

De Jacqueline Torres
POETAS - MAURO MOTA

Mauro Ramos da Mota e Albuquerque ( Mauro Mota ) nasceu na cidade do Recife/PE em 16 de agosto de 1911 e faleceu na mesma cidade aos 22 dias de novembro de 1984.


Mauro Mota foi poeta, jornalista, cronista, professor, memorialista, ensaísta, geógrafo e folclorista.

Dentre os prêmios e honrarias que recebeu, destacam-se o Prêmio Olavo Bilac, da Academia Brasileira de Letras, o Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, a Medalha Pernambucana do Mérito, outorgada pelo Governo do Estado de Pernambuco, e a Medalha Joaquim Nabuco, esta última concedida pela Assembleia Legislativa de Pernambuco.

SUAS OBRAS:

POESIA

Elegias (1952); A tecelã (1956); Os epitáfios (1959); O galo e o catavento (1962); Canto ao meio (1964); Antologia poética (1968); Itinerário (1975); Pernambucânia ou cantos da comarca e da memória (1979); Pernambucânia dois (1980); Antologia em verso e prosa (1982).

ENSAIOS E CRÔNICAS

O cajueiro nordestino (1954); Província e academia (1954); Itinerário da escola (1956); Paisagem das secas (1958); Capitão de fandango (1960); Geografia literária (1961); Terra e gente (1963); História em rótulos de cigarros (1965); Quem foi Delmiro Gouveia? (1967); O criador de passarinhos (1968); O pátio vermelho, crônica de uma pensão de estudantes (1968); Votos e ex-votos, aspectos da vida social do Nordeste (1968); Os bichos na fala da gente (1969); Pernambuco sim, em colaboração com Gilberto Freyre e Roberto Cavalcanti (1972); Modas e modos (1977); A estrela de pedra e outros ensaios nordestinos (1981); Barão de chocolate e companhia (1983).

Ao falecer aos 73 anos, vitimado por um câncer, deixava atrás de si uma obra e um nome consagrados pela crítica e pelos mais diversos círculos sociais. Seu funeral, no Cemitério de Santo Amaro, foi um dos maiores a que já assistiu a capital pernambucana. Porque o poeta — homem de muitos amigos e um eterno apaixonado pelo Recife — era realmente querido de todos. Sua gentileza e sua cordialidade, ao lado do seu fino humor, tinham conquistado para sempre inúmeros admiradores — alunos, leitores e confrades. Dentre tantas homenagens prestadas por ocasião de sua morte — artigos de jornal, editoriais, depoimentos, sessões acadêmicas, etc. — pode ser destacada a decisão da Câmara Municipal do Recife que instituiu o dia de nascimento do escritor — 16 de agosto — como o Dia do Poeta Recifense.

Fontes consultadas:

http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/index.php?option=com_content&view=article&id=827&Itemid=1

http://www.jornaldepoesia.jor.br/mmota.html