sexta-feira, 20 de abril de 2012

O CINZA

 
Gravura: Anne-Julie Aubry

 
A cor cinza é sempre das estradas
dos céus chuvosos
Do aceno de adeus
Da pausa em meio à frase
A cor cinza é sempre da caatinga
É sempre deste meu peito
Não importa o meu riso −
A decoração da sala íntima
é sempre da mesma cor
Os fios elétricos
os postes tísicos
A cor cinza é sempre minha lágrima
Meu suspiro de areia, cinza
...Da velha fuligem
em torno do velho fogão de lenha
que me persegue,
que me queima a memória exausta
e solitária!
A cor cinza sopra o capim
E troveja órfãos trovões
pelas serras cinzas de pano
O vento é cinza,
minhas saudades,
o poço,
a fumaça distante,
a pausa,
o porto e o ponto.


( Jacqueline Torres -14/11/11 )