sábado, 28 de setembro de 2019

Ser escritor(a)...





MAS QUE DIABO É SER ESCRITOR?!



Cap. 1 – Em busca de resposta


Não é raro essa indagação ser feita a um escritor/escritora ou mesmo ocorrer frequentemente no juízo de quem escreve. E não há de surgir apenas das ponderações de um escritor no início de sua vida literária, pelo contrário, por toda a vida deste, esse “diabo” de questão se interpõe.

Bem, no meu caso é assim!

Algo que aos olhos das pessoas, ou de quem aprecia a literatura, (consideremos aqui todo gênero literário), pode parecer simplório, tem muitas vezes efeito inquietante e/ou mesmo avassalador no escritor.

Mas que importância tem essa indagação?
Que sentido tem respondê-la?



Imagem 1: Desconheço a autoria1


Aparentemente… Questão 1: Ela vai ajudá-lo a conceituar, normalmente de forma técnica, o que é este ofício de escrever. E, só!

A coisa é tão intrincada, que meti o diabo no título-pergunta a fim de deixar claro o quanto é complexa essa (percebam que o demonstrativo também põe distante essa “coisa”) definição. Se fôssemos (não desmerecendo aqui nenhuma profissão), definir o que seria ser médico, professor (essa é minha área), mágico, cozinheiro, agricultor, nutricionista, seria decerto, menos complicado… Mas escritor?!
Xiiii !

Aparentemente… Questão 2: Nenhum! (Lembram da perguntinha em negrito lá em cima, não é?)
Perplexo(a) com a resposta? Não se espante! Há mais espanto neste ofício do que se pode imaginar.




Cap. 2 – Continuamos na busca...


Há algum tempo dizia-se que o escritor, o poeta… Pausa! Depois posto um texto explicando porque se referem de forma distinta a essas duas atividades intelectuais e sempre se referem a alguém dizendo: “a escritora e poetisa”, “o poeta e cronista”, e por aí vai... (Grrrrrrr parece que quem faz poesia não é escritor!) Blé!!! faz sentido? Bom… Falo disso em outro post! (Prometo!!!)

Aonde estávamos, mesmo?
Ah! … Há algum tempo… Acreditava-se e afirmava-se que para ser escritor era preciso ter nascido com “vocação” pra “coisa”, ser poeta, então…

Bem! Ser escritor, hoje não necessita de prévia formação cármica… Pode-se, sim, ser escritor estudando, fazendo oficinas de escrita, graduação acadêmica (graduação acadêmica não confere talento, vale salientar), e lendo! Lendo MUITO! Se quer escrever bem, tem que ler. Ler sempre. Ler e ler apaixonadamente. Ler a “Grande Literatura”. A máxima de que, “quem ler muito, escreve bem”, procede. É claro que vamos juntar a esse exercício de leitura um tanto de criatividade, não é, mesmo? Tem mais… Observância do mundo em redor, solidão, muito suor, noites em claro, afinco, ousadia, e… Tem mais coisa! E que tal descobrir você essas outras tantas coisas, hein?! Bom, mas basicamente é isso.
Não posso dar a fórmula pronta. Ela não existe...

Já a poesia é uma outra faceta ainda mais complexa… (Aí surge a ligeira incongruência quase perceptível entre os gêneros… Poesia e prosa)

Perdoem-me… Vou deixar de tanta redundância!


Voltemos à velha e frequente reflexão: “O que é ser escritor?”




Imagem 2: Desconheço a autoria2



Cap. 3 – A busca não termina aqui...


Ser escritor(a) é a voragem incansável de escrever. A paixão desmedida pela palavra, o audaz e permanente exercício de brincar com as palavras, de usá-las como arma para ferir a quietude, a monotonia do(a) leitor(a), daquele(a) assumidamente leitor(a), e daquele(a) que resiste às armadilhas da literatura!

Ser escritor/escritora é sentir prazer neste exercício solitário, inquietante, assombradamente belo, é debulhar as sombras, as luzes, os raios, os silêncios nos dedos ágeis em um 
teclado, ou mesmo com uma caneta… São horas intermináveis construindo um roteiro, esgrimindo com um verso, atônito(a), conversando com as estrelas, as paredes, o vento… Delirando! Delirando!

A “coisa” parece ser meio doida! E talvez essa definição não lhe convença ou choque os catedráticos…




Imagem 3: Desconheço a autoria3


Esse de terno azul, não é você, é o catedrático!

Mas o mundo da literatura é mesmo meio doido! O termo talvez não combine com a sobriedade e gravidade de alguns ortodoxos, mas no fundo no fundo, todo escritor ou escritora tem um pouco de loucura. E, ai dele(a) se não tiver!

Para encerrar, as palavras de um dos meus poetas preferidos, Manoel de Barros (1916 – 2014):

“ … Poesia pra mim é a loucura das palavras, é o delírio verbal, a ressonância das letras e o ilogismo. Sempre achei que atrás da voz dos poetas moram crianças, bêbados, psicóticos. Sem eles a linguagem seria mesmal (…) Prefiro escrever o desanormal.” ( em “Ensaios Fotográficos”, 2000 )


Até o próximo post, ilustres!



Jacqueline Torres



......................



Bom, vou deixar aqui uma dica para quem quer ser escritor(a):

Procurem ler “Cartas a Um Jovem Poeta” de Rainer Maria RILKE (1875-1926).
E leiam sempre Manoel de Barros até virarem borboleta, quintal, passarinho, uma tosse…




P.S. Desejando entrar em contato, envie e-mail para: jacquelinelenin@bol.com.br


Páginas acessadas: