ARIANO SUASSUNA! PRESENTE!
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Perdemos um dos maiores
mestres da Literatura. Perdemos o arauto da Cultura Popular, não que
por aqui não tenhamos outros e outras cumprindo esse papel, mas
Ariano encarnava com gracejo e afoiteza esse cavaleiro armorial,
combativo, desafiador, irreverente, visceral. Quando o assunto era a
nossa Cultura lá estava ele sobre seu cavalo de sonhos munido de
lança e bandeira.
Peguei-me chorando hoje,
porque a gente corre o risco de chorar um pouco quando nos deixamos
cativar, disse Exupéry, e como não ser cativado(a) pela genialidade
de Ariano, seus causos, seu amor imenso pela cultura popular, sua
paixão pela arte, por seu quimérico cavalo, seus brasões e seus
estandartes?
Ah, querido mestre como nos
fará falta tua presença física nos nossos palcos, na nossa
literatura construída de sertões, de homens e mulheres sofridos(as)
e valentes, de poeira, de sonhos, cordéis, lanças, pedras e risos e
lágrimas...
Direi sempre presente quando
teu nome for chamado e ponho humildemente meu ofício de escritora
com meus versos de vento ou minhas prosas de terra e caatinga para
dizer do nosso Nordeste, dos nossos Sertões fazendo a recomendada
lição de casa que deixaste sobre a mesa.
Que sejamos como mandacarus em
riste reverdejando na seca, como tu foste, Ariano, lança desafiadora
e buliçosa. Que tenhamos a tua coragem, a tua graça de caçoar no
enfrentamento permanente contra a banalidade e a perda de identidade
tão presente na sociedade, que viceje em nossas ouças a tua voz
rouca teimando nessa peleja para defender as nossas raízes e a nossa
cultura. Que essa tua força de encantamento dos grandes juazeiros
seja em nós para sempre o teu maior legado.
Jacqueline Torres
Recife, 23 de julho de 2014.